quinta-feira, 24 de junho de 2010

Investimento estrangeiro no Brasil é o melhor desde 1947

Investimento estrangeiro no País, de US$ 3,5 bi, bate recorde para meses de maio

Apesar do resultado positivo, BC reduz previsão do IED para o ano de US$ 45 bi para US$ 38 bi
Adriana Fernandes e Fabio Graner, da Agência Estado  

BRASÍLIA -
O chefe do Departamento Econômico (Depec) do Banco Central, Altamir Lopes, considerou muito bom o resultado das contas externas registrado em maio. Ao apresentar os dados, Altamir destacou que o fluxo de investimentos estrangeiros diretos (IED) no país, no mês de maio, foi o melhor para o mês desde o início da série histórica, iniciada em 1947. Em maio, ingressaram no país US$ 3,534 bilhões em IED.
O IED em maio também superou o teto das estimativas colhidas pelo AE Projeções, que iam de US$ 1,4 bilhão a US$ 2 bilhões, com mediana de US$ 1,6 bilhão. Segundo Altamir,o resultato deve-se a operações concluídas no final do mês. Para junho, no entanto, o chefe do Depec projeta um resultado "não tão bom", de US$ 1,5 bilhão de IED.
Uma operação de investimentos para o setor de química influenciou o resultado do fluxo de IED. Segundo Altamir, essa operação era esperada para junho e acabou acontecendo em maio. É por isso, explicou ele, que o fluxo de IED em maio de US$ 3,534 bilhões ficou bem acima do que foi projetado pelo BC para o mês.
O chefe do Depec não informou o nome da empresa que fez a operação. Pelos dados do BC, o ingresso bruto de IED no setor de química foi de US$ 4,762 bilhões. Por outro lado, o retorno de IED para o exterior de investimentos nesse setor foi de US$ 3,517 bilhões. 
Até o dia 22, o ingresso de IED em junho, segundo informou Altamir, é de US$ 900 milhões. O déficit em conta corrente projetado para o mês de junho, segundo ele, é de US$ 2,8 bilhões.
Investimentos
O chefe do Depec também deu informações parciais sobre ingresso de investimentos em portfólio (ações e renda fixa). O ingresso de aplicações em ações totais até o dia 22 de junho soma US$ 1,201 bilhão e o ingresso de investimentos em ações no país soma US$ 1,419 bilhão. A diferença entre os dois deve-se à inclusão das ações brasileiras negociadas em bolsas de valores de outros países, as ADR. O ingresso para renda fixa em junho até hoje soma US$ 1,064 bilhão.
O resultado mostra uma recuperação em relação ao fluxo de IED verificado em abril, de US$ 2,223 bilhões. Naquele mês a queda de IED, que são recursos direcionados para o setor produtivo da economia, havia sido influenciada pelas turbulências no mercado provocada pela crise nos países da Zona do Euro.
Altamir afirmou que, mais importante do que a taxa de juros em alta, o ingresso forte de investimentos estrangeiros em renda fixa tem sido influenciado pelo grau de investimento obtido pelo País em 2008. Segundo dados do BC, em maio, os investimentos em renda fixa somaram US$ 4,022 bilhões, sendo US$ 2,154 bilhões em títulos negociados no País. "O juro pode influenciar, mas o mais importante é o grau de investimento", afirmou Altamir.
Segundo ele, o investimento em renda fixa neste ano voltou ao patamar pré-crise. No período de janeiro a maio de 2008 entraram no País para a renda fixa US$ 9,263 bilhões e, no total, incluindo investimentos em títulos brasileiros negociados no exterior, o saldo naquele período foi de US$ 7,648 bilhões. 
Acumulado do ano é de US$ 11,4 bi
Até maio, o ingresso de IED no ano soma US$ 11,414 bilhões, o equivalente a 1,43% do PIB. O valor é ligeiramente superior ao registrado no mesmo período do ano passado, quando ingressaram US$ 11,234 bilhões no País. Em 12 meses, o fluxo subiu para US$ 26,128 bilhões, o equivalente a 1,39% do PIB. O fluxo de IED em maio foi suficiente para cobrir o déficit em transações correntes de US$ 2,020 bilhões.
BC reduz previsão para IED para US$ 38 bilhões
Apesar da melhora do fluxo de IED em maio, o BC reduziu em US$ 7 bilhões a previsão de entradas de capital externo produtivo no País ao longo deste ano. A estimativa do BC caiu de US$ 45 bilhões para US$ 38 bilhões, o equivalente a 1,93% do PIB. O chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, explicou que o ritmo menor da retomada da economia mundial motivou a revisão. Isso também levou, segundo ele, o BC a rever a sua estimativa de investimentos brasileiros no exterior, que caiu de US$ 15 bilhões para US$ 12 bilhões.
Apesar da revisão, o chefe do Depec destacou que o balanço de pagamentos do Brasil com o exterior se mostra "perfeitamente financiável". Ele comentou que o déficit de US$ 49 bilhões na conta de transações correntes projetado para o ano não é "tão elevado" e tem fontes seguras de financiamento, como investimento estrangeiro direto, investimentos de portfólio (renda fixa e ações) e taxas de rolagem bastante elevadas.
Para Altamir, a expectativa de ingresso de IED no segundo semestre é bastante positiva e a revisão, segundo ele, se deve ao comportamento observado no primeiro semestre. Segundo ele, continua se observando intenções de investimento no Brasil, com o quadro bastante favorável para o segundo semestre.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Comente e ajude a construir um conteúdo mais rico e de mais qualidade.