segunda-feira, 24 de maio de 2010

Acordo abre caminho para o Prêmio Nobel

19/05/2010
Acordo abre caminho para o Prêmio Nobel
Na avaliação de analistas da área de Política Internacional, caso o acordo com o Irã seja consumado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se credencia para ganhar o Nobel da Paz. "Por que não? Se o Obama (presidente dos Estados Unidos) ganhou com uma ação de retórica, Lula pode, sim, ser um candidato" diz Maria do Socorro Braga, professora da Universidade de São Paulo. Lula ocupou um vácuo nas relações internacionais, diz Leonardo Barreto, cientista político da Universidade de Brasília (UnB). A matéria é de Vasconcelos Quadros, do Jornal do Brasil.
Data: 18/05/2010
A intermediação da crise entre Irã e as superpotências foi o mais importante passo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na política internacional. A opinião é da professora da Universidade de São Paulo (USP), a cientista política Maria do Socorro Braga. Ela acha ainda que Lula tornou-se um capacitado negociador de crises e, se o acordo for consumado, um possível candidato ao Nobel da Paz.

Por que não? Se o Obama (presidente dos Estados Unidos) ganhou com uma ação de retórica, Lula pode, sim, ser um candidato disse Braga.

Lula, segundo ela, ocupou um vácuo nas relações internacionais. É a mesma opinião de outro cientista político, Leonardo Barreto, da Universidade de Brasília (UnB).

Se o acordo se concretizar, essa será a maior vitória da história da diplomacia brasileira. Lula ganhará o Nobel de 2011 prevê Barreto, para quem o Brasil, recém chegado na arena internacional, já fez sua parte.

Maria do Socorro Braga diz ainda que o presidente tornou o Brasil protagonista de um evento internacional de grande envergadura, intermediando uma negociação que parecia impossível entre o Irã e as grandes potências representadas na ONU. Agora, segundo ela, há um caminho aberto para a construção de uma proposta consensual que pode ser confirmada pela ONU e sua Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).

Campanha fortalecida
A professora diz que o ato não foi uma ação isolada e que o Brasil, pela capacidade de dialogar, vem ocupando um papel relevante como negociador de acordos pela democracia. A vitória da diplomacia, segundo a cientista, fortalece a imagem de Lula e reflete positivamente na candidatura da ex-ministra Dilma Rousseff à Presidência. Barreto acha que Dilma já está capitalizando o sucesso da imagem internacional de Lula e aponta um dado interessante:

Pela primeira vez na história do país, a política externa vai interferir na política doméstica, influenciando nas eleições prevê.

Segundo Barreto, essa relação era um traço da política americana, onde o eleitor sempre votou pelas propostas internas e externas dos candidatos. O elogio de Obama, dizendo que Lula é o cara, as ações a diplomacia brasileira nas crise de Honduras e, sobretudo, na tragédia do Haiti, na avaliação de Barreto, também entrarão na campanha eleitoral.

Indagada segunda-feira sobre o acordo, Dilma disse que foi uma vitória da diplomacia brasileira e da política externa do governo Lula, onde o diálogo substituiu as tentativas de multas ou penalidades.

Ele (Lula) criou na América Latina um outro ambiente. A mesma coisa fez em relação à África e agora marca um gol em relação ao Oriente Médio disse a ex-ministra, afirmando que Lula deixa marca fortíssima no cenário internacional.

O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) disse que o presidente usou a seu favor o fato de o Brasil ter uma índole pacífica e, ao mesmo tempo, abrigar colônias de povos que se digladiam em outras regiões, como árabes e palestinos:

Lula teve uma intuição forte. Avaliou que teria condições de propor que o Irã desse um passo para desanuviar o ambiente bélico e acertou.

Tucanos
Já a oposição vê com ceticismo a conclusão do acordo, mas reconhece que Lula e o governo brasileiro deram um passo importante. O senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG), presidente da Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional, avalia com cautela.

Sem dúvida, houve um avanço, mas é preciso aguardar por causa dos antecedentes do Irã, que já aceitou acordos anteriores e depois recuou disse o senador, que reconhece o esforço do governo brasileiro. Lula teve um papel importante nesse episódio junto com o primeiro ministro da Turquia.

O deputado Renato Amary (PSDB-SP), vice-presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara, acha que o Brasil liderou um avanço nas negociações, mas que ainda não há um acordo que afaste a possibilidade de o Irã construir armas atômicas.

No Rio, durante o Fórum Nacional, o presidente da República em exercício, José Alencar, também saudou a ação de Lula no Irã:

O presidente trabalhou brilhantemente nessa questão. Foi uma grande vitória, o presidente trabalhou pela paz afirmou Alencar.

No mesmo evento, o senador Arthur Virgílio (PSDB/AM) fez coro:

Quero parabenizar pelo acordo, louvo esse gesto do presidente de buscar a paz.

(*) Colaborou Flávia Salme

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